sábado, 17 de abril de 2010

Prédio da Udesc limita deficientes

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Inaugurado no começo de 2009, o prédio onde funcionam as salas de professores dos cursos de matemática, física e ciências básicas do campus em Joinville da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) não possui rampas para acesso de deficientes físicos. No entanto, os engenheiros que projetaram a obra não esqueceram de preparar os dois banheiros no terceiro pavimento para quem é portador de necessidades especiais. Atualmente, a restrição de mobilidade não representa o único problema do campus, mas apenas a ponta de uma lista de pequenos e maiores consertos que precisam ser feitos e têm gerado queixas, principalmente entre alunos. O campus tem aproximadamente 2,5 mil alunos matriculados em oito cursos.

“Isso é uma situação absurda para uma universidade pública, pois esquecer de construir rampas e não esquecer dos banheiros no terceiro piso é chamar todos de imbecis”, afirmou uma aluna, que, por motivos óbvios para não enfrentar possíveis represálias, preferiu ficar no anonimato. Outra queixa considerada grave é o fechamento do restaurante situado próximo ao ginásio poliesportivo – que também está fechado: a piscina, cujo equipamento de aquecimento elétrico não funciona, acumula água parada e suja. Já a quadra passa por uma reforma no piso que segue a passos lentos. Além disso, o local está entulhado de móveis que foram aposentados.

A situação do restaurante é um problema para os alunos de engenharia civil Jarbas Vorique e Ana Paula Galvan. Em terças e quartas-feiras, quando têm aula em período integral, os dois são obrigados a perder tempo no trânsito se quiserem almoçar em casa e não desembolsar uma quantia razoável para almoçar no restaurante do campus da Univille, situado próximo ao da Udesc. “O preço para almoçar na rua é alto para nós. Então eu enfrento o trânsito para ir em casa. São 20 minutos na ida e mais 20 para voltar. Engulo a comida”, explicou Jarbas.

“Parece que nosso campus não tem autonomia, está muito preso à reitoria em Florianópolis. Acredito que seja por isso que as coisas demoram para acontecer aqui”, disse o coordenador geral do Diretório Acadêmico 9 de Março, Edemar Vieira Júnior. “A licitação para o restaurante ser reaberto continua emperrada, não anda e isso só serve para elitizar a faculdade. E quando o restaurante voltar a abrir, não adianta colocar o preço da comida nas alturas, tem que ser um valor que dê para o aluno pagar”, completou ele.

O campus concentra outros problemas que poderiam ter solução mais rápida. No bloco D, por exemplo, onde funciona o laboratório de física atômica, há carteiras em desuso espalhadas pelo corredor. No mesmo bloco as lâmpadas queimadas também são visíveis”. No bloco L, que existe há cinco anos, há rachaduras. Em quase todos os blocos há lixeiras destruídas e faltam telhas de plástico nas passarelas externas, mas pelo menos contam com acessibilidade. “Nem tudo está perdido”, declarou um aluno que também preferiu não dar o nome.

Segundo reclamações do aluno Guilherme Chini Colonatti, que enviou e-mail à redação da Gazeta listando o que considera os problemas mais graves do campus, há locais com pouca iluminação à noite. “Entre o bloco C e o bloco da elétrica é uma escuridão. Nos estacionamento também. Os únicos pontos de luz vêm das salas de aulas e da obra o novo shopping. Alguma coisa está errada, pois a universidade recebe verbas todos o meses para esses tipos de melhoria”, afirmou Guilherme.

Diretor se explica
O diretor administrativo da Udesc/Joinville, Ilson José Vitório, afirmou que é fácil fazer críticas à instituição e pediu aos alunos mais paciência, “já que as melhorias estão sendo realizadas”. O diretor informou que pelo menos a quadra e a academia de educação física do ginásio serão devolvidas reformadas neste semestre, mas que a piscina ainda vai demorar a funcionar, pois o conserto vai exigir a compra de um novo equipamento de aquecimento. “A piscina foi montada com equipamento com capacidade abaixo do número de litros de água”, disse o diretor.

Sobre o restaurante, explicou que a empresa que no ano passado vendia a refeição a R$ 4,50 desistiu de presta o serviço no início de 2010 e a licitação para encontrar um novo arrendatário deverá ser concluída em maio próximo. “Mas só haverá a venda de lanche, conforme foi acertado com representantes de sete dos nove diretórios acadêmicos do campus”.

A respeito do prédio sem acessibilidade, Ilson admitiu que houve falha na construção, Segundo ele, o problema poderá ganhar solução com a instalação de um elevador lateral ao prédio e ainda com a construção de uma rampa partindo de uma edificação próxima. “Por outro lado, recentemente foi trocado o mobiliário de 48 salas de aula e vamos instalar ar condicionado por todo o campus”, sem informar o orçamento do campus.

2 comentários:

Anônimo disse...

É impressionante o descaso com o dinheiro público mesmo construir um prédio não respeitando as Leis de acessibilidade, principalmente partindo de uma instituição de ensino e com cursos de engenharia olha francamente estes gestores realmente tiraram diploma de imcompetentes. O custo da acessibilidade durante a obra é de 3% agora para refazer o erros deles este custo pode passar de 20 % quem vai pagar este desperdício?Eu sugiro "OS RESPONSÁVEIS". Francamente assim está a educação do nosso Estado uma Lástima.

Anônimo disse...

Pelo que se percebe, o que está ocorrendo não é desonestidade e sim falta de competência técnica da equipe responsável pela fiscalização dos projetos e obras realizadas, a maioria dos atrasos devem-se ao fato de erros na execução das obras e consequentememte o refazimento das mesmas. A responsabilidade deve ser imputada a quem aceita essa tarefa sem o conhecimento necessário para isso.