Texto: Renato César Ribeiro
Foto: Ronaldo Candido
Um grande diferencial da última noite competitiva do 28º Festival de Dança de Joinville foi a plateia. Mais animada, mais falante e mais efusiva. A cada movimento da dança de rua da oitava noite de competições escutavam-se gritos e suspiros, além de palmas no Centreventos Cau Hansen. As coreografias começaram a subir ao palco às 19 horas.
Mas o começo foi da dança contemporânea, em solo feminino sênior. As duas coreografias da categoria se mostraram abstratas. "Sentimento Antagônico", de Jamile Mirabelli, apresentada por Gerogia Finardi, da DAC - Dança e Aperfeiçoamento Corporal, de Jundiaí (SP), utilizou um banquinho. A outra concorrente foi "Gaudéria", de Matheus Brusa, por Júlia Poletto, do Ballet Margô Brusa, de Caxias do Sul (RS).
A única competidora a chegar ao palco do Centreventos Cau Hansen na dança contemporânea trio sênior foi o Grupo Corpo Livre, de Valinhos (SP), com "Três Formas", de Ricardo Scheir, representado por Giulia Faria, Isabella Lourenço e Victoria Spadaccia.
Já na dança contemporânea solo masculino avançado, a disputa ficou entre nove coreografias. "Por Um Instante", de Robson Schmoeller, foi dançada por André de Oliveira, da Companhia Eliane Fetzer, de Curitiba.
Pelo apresentado, o coreógrafo Fernando Dalla Nora deve ser uma pessoa impaciente (somente uma suposição) ao que foi visto em "Sala de Espera", por Paulo Henrique Wolf, do Grupo de Dança Adriana Alcântara, de Balneário Camboriú. A impressão é que ele criou a dança quando esperava para alguma consulta ou algo parecido.
"Espasmos", de Rafael Zago, por Lucas Martinelli, do Grupo IOA Dança, de Jundiaí, utilizou mais movimentos de solo. Rafa Santos, da Companhia Nos da Rua, de Três Rios (RJ), apresentou a sua "Delírio Visual". Ruan Nunes, do Grupo de Dança Univali, de Itajaí, dançou a sua parceria com Leandro Ávila "Re-Significações".
A ideia mais celebrada pelo público na primeira parte da noite foi "Consequência do Som Parte V", de Mickael Ramos, do Art Dança Espaço Cultural, de Canoas (RS). Mickael entra usando head-phones e dança sem som para a plateia. Depois de um tempo, ele conecta seu tocador de música em um cabo, a música passa para todo mundo e ele sai.
João Paulo Bertini, da Escola Municipal de Bailado de Taboão da Serra (SP), dançou ao som de "Non, Je Ne Regrette Rien", de Edith Piaf, e subverte o gênero musical em "Os Loucos Também Amam", de Sonia Almeida. Airton Rodrigues, da Soma3 Grupo de Dança, de Curitiba, criou e apresentou "Promenade". Beto Regina, da Os Meninos do Barão - Abamba, de Campinas (SP), fez uma bonita apresentação em "O Cisne", de Ivonice Satie.
Na dança contemporânea trio avançado, foram dois concorrentes. Liliane Marques, Rodrigo dos Santos e Thiciane Guaiumi, do Grupo Corpo Livre, apresentaram "Estar Insoluto", de Ricardo Scheir. A coreógrafa Erika Rosendo, de Joinville, fez "Retalhos", dançada por Fernando Lima, Mayara Geyser e Patricia Dalchau, do Grupo de Dança Fernando Lima.
Após o intervalo, veio o que o público mais ansiava: a dança de rua. A primeira subir no palco nessa segunda parte foi Taysa Copelli, da Escola de Dança Kahal, de Jundiaí, com "Minha Utopia", de Henry Camargo. Foi a única competidora na dança de rua solo feminino sênior.
Em seguida, veio a categoria mais festejada: a dança de rua conjunto avançado. O Hip Hop Soul, de Florianópolis, apresentou "Movdanças", de Bruno de Carvalho. A Join Dance, de Joinville, dançou "Connection", de Eliseo Lemos e Diego Gonçalves. O Projeto de Dança Primeira Impressão, de Catanduva (SP), entrou na moda do momento em "Vampiros", de Cristiano Santillo.
Os Piratas de Rua, de Pelotas (RS), usaram cordas de panos em "Tribo Uantpi", de Uanderson de Oliveira Farias. A Companhia Nós da Rua, de Três Rios (RJ), abusou do verde amarelo e de elementos de brasilidade em "VUB - Vibração Urbana Brasileira", de Rafa Santos. A Companhia de Dança Kahal foi de "Êxodo", de Henry Camargo.
Camisetas pretas com estampas de cartas de baralho foram utilizadas pelo Grupo Seed'Ance, de São José (SC), em "Dando As Cartas", de Diego Tavares e Juliana Querido. O Rota Brasil, de Taguatinga Norte (DF), se empolgou no título em "Nem Tudo Que É Novo É Positivo Nem Tudo Que É Tradicional É Melhor A Mistura É O Rota Quem Faz", de Noara Beltrami, em que se ensaiou mesmo uma mistura do velho e do novo.
Em "Caleidoscópio", de Eladio Prados Neto, pelo Grupo Street Extreme, de Curitiba, os bailarinos surgem de preto virados de costas, quando se viram suas roupas são coloridas na frente. A coreografia trabalha a dualidade preto/cor. O projeto Casa do Hip Hop Arte Inclusiva, de Joinville, coroou a boa fase que passa com "Movin'All Round", de Henrique Bianchine.
"Fôlego", de Edson Thoppet, pelo Grupo Mery Rosa, de Itajaí, terminou com a música "Techonologic" do Daft Punk. "Club Mix", de Wanessa Borges, com a Companhia de Dança Uniaraxa, de Araxá (MG), transformou o palco em festa com uma colagem musical repleta incluindo a já utilizada antes "Technologic" e até "Telephone", de Lady Gaga. A plateia entrou no clima e se empolgou.
O clima continuou para cima com a última coreografia. "De Volta Às Nossas Origens", de Alessandro DJ, pela Equipe Old'School, de Ribeirão Preto, apresentou mini bicicletas e patinetes e muito mais que isso. A dança teve muita movimentação, dançarinos entrando e saindo do palco. Além disso, a colagem musical também foi animada com "Sex Machine", de James Brown, e "Gonna Make You Sweat (Everybody Dance Now", de C+C Factory.
Confira o resultado da noite competitiva:
Dança Contemporânea – Solo Feminino - Sênior
2º lugar – Ballet Margô Brusa – RS – Coreografia: Gaudéria
3º lugar – DAC – Dança e Aperfeiçoamento Corporal – SP – Coreografia: Sentimento Antagônico
Dança Contemporânea – Trio - Sênior
2º lugar – Grupo Corpo Livre – SP – Coreografia: Três Formas
Dança Contemporânea – Solo Masculino – Avançado
1º lugar – Art Dança Espaço Cultural – RS– Coreografia: Consequência do Som Parte V
2º lugar – Soma3 Grupo de Dança – PR – Coreografia: Promenade
3º lugar – Cia. Eliane Fetzer - PR – Coreografia: Por um Instante
Dança Contemporânea – Trio - Avançada
1º lugar – Grupo de Dança Fernando Lima – SC – Coreografia: Retalhos
2º lugar – Grupo Corpo Livre – SP – Coreografia: Estar Insoluto
Dança de Rua – Solo Feminino – Sênior
2º lugar – Escola de Dança Kahal – SP – Coreografia: Minha Utopia
Dança de Rua – Conjunto - Avanaçada
1º lugar – Cia de Dança Kahal – SP – Coreografia: Êxodo
2º lugar – Hip Hop Soul – SC – Coreografia: Movdanças
3º lugar – Cia Join Dance – SC – Coreografia: Connection
Confira quem foram os premiados do 28º Festival de Dança de Joinville:
Melhor Coreógrafo – Prêmio: viagem para Bienal de Lyon, na França
Henry Camargo, da Companhia de Dança Kahal, de Jundiaí (SP)
Revelação – Prêmio: medalha e R$ 6 mil
Figurinos e Adereços do Grupo Folclórico Ítalo Brasileiro de Nova Veneza.
Melhor Bailarino – Prêmio: medalha e R$ 6 mil
Alexandre Nascimento, da Companhia Pavilhão D, de São Paulo (SP)
Melhor Bailarina – Prêmio: medalha e R$ 6 mil
Mayara Magri, da Companhia Petite Danse, do Rio de Janeiro (RJ)
Melhor Grupo – Prêmio: troféu e R$ 18 mil
Pavilhão D – São Paulo (SP)
Indicados para as competições internacionais:
Grand Prix de Lausane - Bailarina Mayara Magri, da Companhia Petite Danse, do Rio de Janeiro (RJ)
YAGP – Young American Grand Prix de Nova York -– Bailarina Paula Alves, da Especial Academia de Ballet de São Paulo (SP)
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