A sessão itinerante promovida pela Câmara de Vereadores no Paranaguamirim, um dos bairros mais carentes de Joinville, atraiu apenas 100 pessoas, entre as quais pelo menos 50 que eram representantes de associações de moradores e assessores dos parlamentares. Em razão do baixo prestígio da comunidade, o modelo como as sessões nos bairros são organizadas mereceu duras críticas do próprio secretário regional do Paranaguamirim, Lioílson Mário Côrrea: “Essa reunião é como jogar pena no ventilador e mostra a falta de expectativa política por parte da população”.
O paradoxo da situação é que os encontros são programados justamente para aproximar a população do Legislativo e de outros agentes públicos. Com aproximadamente 23,4 mil habitantes, o Paranaguamirim enfrenta problemas crônicos como enchentes, falta de saneamento básico e quase a totalidade das ruas conservadas em saibro. As sessões em bairros estavam proibidas há 30 dias, em razão do avanço da Gripe A.
O encontro no bairro da zona Sul aconteceu na terça-feira (29) à noite, na quadra poliesportiva da Escola Municipal Ada Santana da Silveira, na rua Monsenhor Gercino. A plateia foi montada para receber cerca de 300 pessoas, mas o que se observava eram muitas cadeiras vazias. “Dessas 100 pessoas, 50 são moradores e 50 são assessores dos vereadores”, disse Lioílson, que certamente receberá uma cópia da moção aprovada com a lista de pelo menos 90 reivindicações de melhorias para o Paranaguamirim. A moção também vai direto para o executivo, que não tem obrigação de atender as reivindicações.
O vereador Manoel Francisco Bento (PT), líder do governo na Câmara, afirmou que a maneira como as sessões itinerantes ocorrem “só servem para encher linguiça”. “Esse modelo de sessão deu em água. Para vir aqui e colocar (as reivindicações) só no papel não resolve. Precisamos de encontros em que os vereadores já venham com respostas para a população”. Para Manoel Bento, não adianta fazer uma lista enorme de pedidos: “É preciso escolher os dois principais e resolver”.
Ex-líder da bancada do PT, o vereador Adilson Mariano também deu pistas de que as sessões são pouco proveitosas. “O fato de estarmos aqui não significa que os problemas vão desaparecer. Cobramos da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura), que, afirma que não pode resolver, perguntamos quem pode. Não desistimos”. Dos 19 vereadores de Joinville, dois faltaram à sessão, Patrício Destro (DEM) e Roberto Bisoni (PSDB).
O motorista Vamício Sombrio, morador do Paranaguamirim há 26 anos, estava na plateia sem qualquer vínculo político. Para ele, as sessões são interessantes, mas a população ainda não está sendo devidamente ouvida. Já o aposentado José Satoriano Costa, também morador do bairro, descreveu o desinteresse da comunidade. “A coisa é tão grave que muitos pais de família preferem estar nos bares bebendo a participar de reuniões como essa”.
Loteamentos irregulares
O presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Jardim Itaipu 2, Antonio Cavalo, aproveitou para pedir aos vereadores empenho para tentar regularizar o núcleo populacional diante da Justiça, que expediu decisão impedindo a reforma e reparos nas casas. “As moradias foram construídas há 20 anos, mas ninguém pode mexer numa tábua”, disse Antonio. O problema no Itaipu 2 é que o responsável pelo loteamento não teria agido dentro da lei e o caso veio à tona. “Também temos valas para serem limpas e necessitamos de uma quadra de esportes”. O presidente do Legislativo, vereador Sandro Dalmiro da Silva (PPS) respondeu que a própria prefeitura tem loteamentos considerados irregulares. “Infelizmente o Paranaguamirim vai continuar nas manchetes”, afirmou Sandro.
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