Sem acordo entre moradores e Celesc, a instalação de uma rede de alta tensão que vai cortar o Distrito de Pirabeiraba, com o objetivo de aumentar a capacidade energética dos municípios de Itapoá e Garuva, deverá ser decidida na Justiça. Ao tomar conhecimento que associações de moradores, religiosos, políticos e empresários entraram com representação no Ministério Público pedindo a paralisação da obra, o chefe da Agência Regional de Joinville da empresa, Eduardo Cesconeto de Souza, afirmou, visivelmente irritado, que o diálogo sobre o assunto estaria encerrado. A obra, que já foi iniciada, está na fase de construção das sapatas de apoio dos postes em ruas como Dona Francisca e Conselheiro Pedreira.
“Não tem porque discutir, já que vocês (comunidade) colocaram o caso na Justiça. Vamos aguardar a decisão judicial”, declarou Eduardo nesta segunda-feira (21), durante reunião entre representantes do distrito e técnicos da Celesc. A empresa justifica que a obra é urgente e necessária porque vai atender 17 mil clientes e cinco mil unidades consumidoras. Já os moradores argumentam através de laudos feitos por engenheiros elétricos que os campos eletromagnéticos da nova rede poderão causar doenças como leucemia e tumores no sistema nervoso central. Eles exigem que a Celesc modifique o traçado da linha que vai transmitir 138 quilowatts. Até Itapoá, serão instalados 98 postes.
O presidente do Rotary de Pirabeiraba, Aldo Borges, disse que a Celesc começou a obra sem realizar estudo de impacto de vizinhança e também sem a aprovação definitiva da Fatma (Fundação do Meio Ambiente do governo estadual). “A empresa quer nos fazer engolir essa rede, mas ela precisa de um plano B para um novo traçado. Pirabeiraba está virando uma colcha de retalhos”, declarou Aldo.
“Não queremos terminar nossos dias debaixo de fios de alta tensão. Peço a sensibilidade da Celesc para mudar o traçado”, afirmou o pastor luterano Hans Burger. “Somos a favor do desenvolvimento de Garuva e Itapoá, mas a rede causa riscos à saúde pública”, emendou o engenheiro elétrico Aldir Schulz Nehls. Já a presidenta da Associação de Moradores Pirabeiraba Centro, Vilde Beltrami, argumentou que a rede vai descaracterizar a região e prejudicar futuros projetos de revitalização de vias públicas. A dona de casa Carmem Gilgen, moradora da Conselheiro Pedreira, enfatizou que a obra vai desvalorizar imóveis e tirar a beleza do bairro.
O chefe da Divisão Técnica da Celesc, Júlio Cezar Pires da Luz, explicou que a empresa iniciou a obra antes da aprovação do Fatma porque agiu dessa forma em projetos anteriores e não teve problemas. Sobre o perigo do campo eletromagnético, disse que qualquer pessoa corre risco maior dentro da própria casa. “O risco é maior no micro-ondas do que na rede”, afirmou Júlio. Mônica Costa, chefe da Divisão de Linhas, declarou que o melhor seria a comunidade não criar pânico, principalmente entre os idosos, e aceitar a obra.
Os moradores propõem que o traçado seja mais próxima da BR-101, seguindo o traçado por onde já passa uma linha da Eletrosul, ou mesmo subterrâneo nos trechos de Pirabeiraba e do Rio Bonito. A empresa alega que linhas subterrâneas custam até 10 vezes mais. Apesar da direção da Celesc entender que o diálogo sobre o assunto ficou prejudicado em razão do acionamento do Ministério Público, informou que vai visitar a região que os moradores sugerem por onde deve passar a linha. O caso também está sendo estudado pela Comissão de Defesa da Cidadania da Câmara de Vereadores.
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