A tarifa social da água ainda não faz parte da realidade de centenas de joinvilenses que sobrevivem com menos de um salário mínimo. Estes trabalhadores ainda pagam mais do que R$ 21,26 por até dez metros cúbicos de água por mês, valor cobrado pela Companhia Águas de Joinville (CAJ). Maria Rosa, de 59 anos, quase não tem dinheiro para comprar comida, mesmo assim é obrigada a desembolsar este valor mensalmente para ter água em suas torneiras.
A dona de casa mora há seis anos no Loteamento José Loureiro, na rua 21, número 58, no bairro Ulysses Guimarães. Casada com Francisco Boroviak, de 58 anos, vive do pouco dinheiro que seu marido ganha catando papelão. O casal tem direito a pagar R$ 9,55 por dez metros cúbicos de água consumida, mas por falta de informação e desconhecimento de seus direitos, acaba desembolsando até mais de R$ 21,26.
Além da vida precária, Maria e Francisco ainda têm que enfrentar a saudade do filho que morreu há oito meses. O homem era doente e não aguentou a falta de atendimento, já que uma ambulância não chegava até o local. Com isso o casal também perdeu a pensão no valor de um salário mínimo que o filho recebia.
Francisco lembra de uma vez em que uma assistente social visitou a casa e falou sobre a tarifa reduzida, mas a ajuda ficou somente na conversa. “Já vieram aqui, mas pagamos uma conta alta”, lamenta.
Para aumentar ainda o sofrimento da família, desde quinta-feira (18) o casal não tem energia elétrica. O fornecimento foi cortado por falta de pagamento. Eles devem mais de R$ 50 para a Celesc e não têm condições de pagar. Nem para energia elétrica Maria e Francisco tiveram acesso à tarifa social.
A Companhia Águas de Joinville, através da assessoria de imprensa, ficou de verificar o problema do casal.
Tarifa social
Além de morar em Joinville há mais de um ano, os critérios para ter direito à tarifa social mínima é ter registro no Cadastro Único dos programas sociais na Secretaria de Assistência Social do município. Mas o critério básico, segundo a Águas de Joinville, a renda por pessoa da família não pode ultrapasse R$ 140 ou a renda familiar não ultrapasse dois salários mínimos. Segundo o site da CAJ, a companhia poderá, excepcionalmente, conceder desconto de até 70% dos débitos pendentes dos usuários enquadrados na Tarifa Social.
A assessoria de imprensa da Águas de Joinville destaca que atualmente na cidade aproximadamente 4 mil famílias têm acesso à tarifa social.
Números da cidade vizinha
Não é preciso ir muito longe de Joinville para achar uma tarifa de água mais barata. Na cidade vizinha de Blumenau a tarifa mínima não existe e o consumidor paga por metro cúbico de água consumida. No site da Samae, responsável pelo serviço, há os preços praticados pela empresa. O metro cúbico custa R$ 1,71 na modalidade residencial, enquanto na tarifa social custa R$ 0,84.
A tarifa social da Águas de Joinville (R$ 9,55) ainda pesa para o bolso de muitas pessoas. Moradores também reclamam da tarifa mínima, onde têm que pagar por 10 mil litros de água sem usar a quantidade.
Segundo a Companhia Águas de Joinville, a tarifa social não vai sofrer nenhum aumento.
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