quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Médicos dificultam expulsão de joinvilense presa na Turquia


Pais receiam que retorno de filha ao Brasil pode vir tarde demais

Sergio Sestrem
reportagemjoinville@gmail.com

O drama vivido pela joinvilense Ângela Wress, 26 anos, presa na Turquia desde dezembro de 2005, e sua família - que aguarda o retorno da jovem ao Brasil - ganha capítulos de angústia e indefinições. Ela deveria ter sido expulsa da Turquia em agosto deste ano, mas autoridades turcas impõem barreiras para que o acordo seja cumprido.

Ângela Wress foi condenada a seis anos, 10 meses e 15 dias de prisão por tráfico internacional de drogas. Ela foi flagrada com uma mala de cocaína no Aeroporto de Istambul.

Na tarde da última segunda-feira (8), a advogada do Centro dos Direitos Humanos de Joinville (CDH), Cynthia Pinto da Luz, relatou que os médicos turcos atestam que o quadro clínico de Ângela permitiria que a jovem cumprisse o restante da pena por lá mesmo.

"De acordo com o que havia sido combinado, Ângela já deveria ter retornado ao Brasil, mas parece que estamos tendo algumas dificuldades, pois a Turquia ainda não formalizou a concordância com o retorno dela", afirmou a advogada. "As coisas são muito difíceis, bem como a comunicação com a Corte Turca", completa.

A jovem joinvilense apresenta um histórico complicado de saúde: em 2004, ela passou por uma cirurgia quando fez a substituição da válvula mitral – que regula os batimentos cardíacos - por uma prótese de metal.

Segundo a dona-de-casa Isolete Wress, mãe de Ângela, sua filha teria que fazer outra cirurgia na artéria aorta, para colocar outra prótese. A expectativa de que a jovem fosse expulsa da Turquia ainda no mês passado para que pudesse receber tratamento de saúde adequado ainda não se concretizou.

A advogada rebate as afirmações dos médicos turcos que falam que a saúde da jovem não corre riscos: "No que diz respeito aos problemas de saúde, podemos dizer que ela está muito frágil, emagreceu bastante e o problema da prótese se agrava, pois já deveria ter sido trocada há mais de ano", comenta a assessora jurídica do CDH.

"Os pais da jovem têm sofrido muito e estão bastante abalados com essa demora", afirma a advogada. "Eles temem que a autorização de saída venha tarde demais, temem pela vida da filha".

Apesar da demora no processo de expulsão, a expectativa da advogada é de que Ângela retorne ao Brasil ainda este ano, "pois seria muito difícil para os familiares atravessarem outro Natal nessas condições, com filha ausente, doente, em um país estranho", completa a advogada.

Aliciamento pela internet

Em 2005, então com 23 anos, convalescendo-se de uma delicada cirurgia cardíaca, Ângela Wress teve sua vida completamente transformada por um relacionamento pela internet com um homem que nunca chegou a conhecer. O rapaz em questão era Robert Tappas. Apaixonada pelo desconhecido e com a perspectiva de mudar de vida, a jovem afirmava a seus pais que recebera uma proposta de trabalho para trabalhar na capital paulista.

Em dezembro do mesmo ano, Ângela se despediu dos pais, alegando que trabalharia por apenas duas semanas cuidando de crianças em São Paulo, depois retornaria a Joinville. Mal sabia Ângela que daria um salto no escuro, caindo no golpe de uma quadrilha internacional que aliciava pessoas para servirem como transportadoras de drogas, as chamadas "mulas".

De acordo com a Polícia Federal, Ângela rumou a São Paulo, com destino ao Chile, para chegar até o Líbano, onde a mala seria entregue. Porém, antes de chegar ao destino, a jovem foi presa na conexão feita na Turquia. De acordo com a joinvilense, ela não sabia que estava carregando droga em sua bagagem.

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