foto: Mauro Artur Schlieck/Secom
Após 72 horas da realização do segundo transplante de fígado da história do Hospital Municipal São José, a equipe médica considera a cirurgia um sucesso. A afirmação foi dada na manhã desta segunda-feira, 28 de junho, durante entrevista coletiva concedida à imprensa. O paciente se recupera na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
"As primeiras 48 horas de UTI são as mais críticas, mas o nosso paciente está apresentando uma ótima evolução", explicou o médico responsável pelo departamento de cirurgia do HMSJ, Christian Evangelista Garcia, que coordenou a equipe (formada por mais dois cirurgiões, dois médicos anestesistas, uma enfermeira e três técnicos em enfermagem).
O transplante hepático é raro, principalmente, pelo curto tempo que o órgão pode esperar fora do corpo. Considerada a cirurgia de maior complexidade na medicina (superior até a cardíaca), a operação define o grau de desenvolvimento de um hospital.
"A sensação era de estarmos realizando o 100º transplante do São José", comentou o médico Christian sobre o desempenho e a tranquilidade da equipe cirúrgica. Ele parabenizou, também, os profissionais envolvidos indiretamente no processo.
Christian Garcia explicou que o transplante é um trabalho multidisciplinar, depende da ação de todos os colaboradores da instituição. "Estamos muito bem preparados para aumentar o número de transplantes, falta-nos, apenas, mais doadores".
O cirurgião Franco Haritsch compôs a equipe e teve uma impressão parecida. Ele é especialista em cirurgias do aparelho digestivo e já trabalhou em Barcelona, considerado o maior centro de transplantes da Europa.
"A cirurgia refletiu o preparo da equipe. Eu me senti em um grande centro?", contou o cirurgião, comparando o HMSJ às unidades cirúrgicas que conheceu na Espanha. Haritsch destacou ainda a alta tecnologia dos aparelhos à disposição da equipe, como o tromboelastograma, um medidor de coagulação em tempo real.
Para o cirurgião Ricardo Lemos, o transplante foi realizado com bastante harmonia e sincronismo entre os profissionais. Especialista em cirurgias do aparelho digestivo, ele também trabalhou em Barcelona. "O HMSJ correspondeu a nossa expectativa e, certamente, correspondemos à expectativa do hospital", afirmou o médico. A equipe reuniu especialistas com formações diferentes, o que contribuiu para somar conhecimento.
O diretor presidente do HMSJ Tomio Tomita considera a ação de seus colegas uma afirmação à legenda de "hospital escola" dada à unidade pelo Ministério da Saúde. "Foi uma verdadeira lição de medicina. Com mais essa graduação, todo o corpo clínico do São José fica motivado. É um incentivo para que outros profissionais também busquem a capacitação".
O órgão foi captado em Florianópolis por uma equipe da SC Transplante, a central de captação e doação de órgãos de Santa Catarina. A compatibilidade entre paciente e doador se dá pelo tipo sanguíneo e tamanho do órgão - a altura e o peso das pessoas devem ser próximos. O transplante é a única forma de tratamento da cirrose hepática, realizado sempre em caráter de urgência.
O sucesso do procedimento depende de eficiente imunossupressão, quando se diminui a ação do sistema imunológico para que não haja rejeição do corpo ao novo órgão. A terapia imunossupressora é mantida por toda a vida do transplantado. O ato cirúrgico é demorado porque o fígado é responsável por inúmeras funções no organismo. Os problemas sistêmicos decorrentes da doença hepática primária podem complicar as evoluções pré e pós-operatórias.
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