sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Moradores da zona Sul criam movimento para reivindicar melhorias estruturais

Cristiam Willer Pegoretti é um dos idealizadores do movimento. foto: Eberson Teodoro

RENATO CÉSAR RIBEIRO
renato@gazetadejoinville.com.br

“Bocas de lobo entupidas, ruas sem pavimentação asfáltica, riachos e valos comprometidos com o assoreamento e para piorar a situação, o descaso, ingerência, incompetência e ma vontade do poder publico. O resultado não poderia ser outro: lares, comércios empresas e, até mesmo, órgãos públicos invadidos por água fétida e podre, destruindo móveis e eletrodomésticos que foram adquiridos com o suor de uma vida toda”.

Todo o sentimento que a população tem sentido nesses últimos tempos de fortes chuvas e pouca resolução do poder público municipal está no trecho acima tirado de um dos e-mails circulares do Movimento Popular pela Defesa da Comunidade. Ele foi escrito por Cristiam Willer Pegoretti, um dos membros da iniciativa popular criada para reivindicar melhorias na estrutura dos bairros da zona Sul de Joinville.

Tudo começou com as enchentes do início do ano que inundaram a maioria dos bairros da cidade. “Foi no dia 6 de janeiro de 2011 em meio ao colapso da infraestrutura de Joinville”, diz Cristiam. Com todas as perdas, a população buscou a prefeitura de Joinville para ter seus problemas resolvidos. Diante das dificuldades de se conseguir as coisas, vários moradores afetados pelos problemas se reuniram nessa iniciativa.

“A ideia é fazer valer a cidadania que anda esquecida, abandonada e é tratada como um direito sem direito. O objetivo é fazer com que as pessoas saibam os canais para reclamar e como reclamar”, proclama Cristiam. Segundo ele, são quase 3 mil pessoas envolvidas entre empresários, profissionais liberais, funcionários públicos e toda gama de moradores dos bairros da Zona Sul.

O movimento atua com reuniões, comunicados, captação de recursos, orientações e planos de contingência. “Estamos dando entrevistas em rádios comunitárias, passamos o e-mail e o telefone para as pessoas ligarem”, cita. Diante dos problemas recebidos, o comitê de gerenciamento de crise do movimento se reúne e busca os responsáveis por cada área para encontrar soluções. Há responsáveis por cada rua dos bairros que fazem essa coleta.

Eles fizeram uma avaliação do cenário de crise e viu o que precisava ser contingenciado. Disso surgiram as sugestões para o que deve ser feito. “Em princípio, nós queremos que o poder público cumpra com sua função de atender à população”, aponta. “Temos dois vereadores que residem no bairro que não fizeram nada. O prefeito está perdido e o secretário regional não atende o comitê”, denuncia.

A reclamação recai sobre os vereadores Juarez Pereira e Osmari Fritz, além do secretário regional do Boehmerwald Paulo Roberto Rodrigues. Paulo nega a frase de Cristiam e diz que está à disposição das 7 horas às 19 horas. “Esse pessoal não veio aqui. Se veio, não marcou”, disse.

“Vereador não é Executivo”

Diante das acusações, o vereador Osmari Fritz disse que é uma “afirmação leviana”. Ele cita que vereador não é poder Executivo e não pode ficar fazendo obras. “Eu queria que a pessoa mostrasse o que deveria ser feito que eu não fiz. Não foi por falta de moção, de indicação minha que não saiu. Se o pessoal conseguir dizer o que eu posso fazer, eu agradeço, porque tudo que eu podia fazer como vereador, eu fiz.”, alegou.

Osmari aponta que a associação de moradores que tem legitimidade legal para fazer as cobranças e afirma ter participado ou mandado um representante em todas as reuniões. “Nunca neguei o diálogo. O pessoal fica angustiado, pediu limpeza e nós reivindicamos”, cita. Para Osmari, “a impressão que dá é que alguém quer a cadeira de secretário regional, e isso é com a prefeitura, ou quer ser vereador, que é um direito de todo cidadão”.

Juarez Pereira cita exatamente a mesma coisa em relação ao que um vereador pode fazer: “Foi feita uma reunião com a comunidade e eu encaminhei todas as reivindicações. Além disso, eu não posso fazer. Sou oposição e se o Executivo não faz, o problema é dele”.


Retaliação por parte da prefeitura

Segundo Cristiam, os manifestantes sofreram retaliação por parte da prefeitura de Joinville, no dia 10 de janeiro, quando eles fecharam a avenida Paulo Schroeder em protesto. “A primeira atitude do Executivo foi ligar para a Conurb e contratar um caminhão para rasgar as faixas”, conta.

Na ocasião, a comunidade cercou o carro em questão e esse chegou a atropelar um morador quando tentou sair do lugar. “Voltaram depois de 15 minutos com polícia”, afirma.

O secretário regional do Boehmerwald, Paulo Roberto Rodrigues, falou que nesse dia em que os manifestantes colocaram fogo na pista, teve gente até dando tiro para o alto. Desta forma, a situação não era segura e, por isso, não foi ao local.

Quem tiver reclamações em relação a alguma providência que não foi tomada pelos governantes pode entrar em contato através do e-mail operacaosilver@yahoo.com.br ou pelo telefone (47) 9949-1809.

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