Gisele Krama
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A educação ambiental acontece de duas formas: pelo amor ou pela dor. As crianças são ensinadas pelo amor, através da conscientização. Já os adultos só aprendem pela repressão e com as consequências dos seus atos. É com essa filosofia que o professor de biologia Amilton Berkenbrock percorre diversas cidades de Santa Catarina fazendo palestras sobre a preservação da natureza e mostrando animais que a sociedade normalmente teme, como cobras e aranhas.
A dinâmica do projeto é trazer bichos vivos e fazer com que as pessoas toquem e percam o medo. Ele explica que a primeira atitude dos seres humanos é matar ou maltratar o animal porque causa nojo. Amilton trabalha na área de biologia há 20 anos e é membro da Fundação Cobra Viva, que cuida de cobras, aranhas e anfíbios.
O biólogo escolheu esta área para retirar o medo que as pessoas colocam na cabeça das crianças. Conforme ele, o horror por animais como cobras e aranhas só acontece por falta de conhecimento.
Como a educação ambiental é abrangente, a melhor maneira de educar é mudando o comportamento dos pequenos. Não somente no quesito de preservar, mas também de evitar o desperdício. “É necessário incentivar o respeito e solidariedade”, comenta.
Para Amilton, pequenas medidas podem ajudar as crianças no convívio com os animais e com as outras pessoas. “Psicossocialmente os pequenos que gostam de bicho são mais sociáveis. Já os adultos agressivos tiveram infância distante dos bichos”, explica o biólogo.
De maneira engraçada, ele ensina as pessoas a gostarem de animais. “Elas levam para a vida muitas das coisas que aprendem comigo”, afirma. Com a ideia de que a melhor maneira de educar é brincando, a palestra de Amilton é cheia de cobras, aranhas e sapos, fazendo com que as crianças passem a mão nas pequenas criaturas como uma forma de carinho.
E a resposta dele para as demonstrações de afetividade das crianças é rápida. “Veja que olho lindo ele tem (se referindo a um sapo)”. Ou “ele gostou de você (quando a criança acaricia um lagarto).
Preservação no Vale do Itajaí
A Fundação Cobra Viva está localizada em Blumenau, no Vale do Itajaí, e tem dez anos de existência. Naquela época, foi feito um treinamento com o Corpo de Bombeiros para conscientizar a população. Agora, 80% das pessoas não matam mais cobras e as serpentes são enviadas para institutos de pesquisa. Com o veneno podem ser produzidos soros e medicamentos para hipertensão, câncer e até cosméticos.
“As cobras salvam muito mais vidas do que tiram”, explica Amilton. Existem no mundo 2,9 mil espécies de serpentes e no Brasil, 480. Só a Fundação recebe por mês aproximadamente 200 cobras.
Planeta pode entrar em colapso
Para Amilton, o ser humano é um “baita” problema para o planeta. Para ele, os humanos são parasitas e sugam todos os nutrientes da terra. Quando houver muitos parasitas, o planeta (que é um ser vivo) morre. “A população já passa dos 7 bilhões e o planeta vai entrar em colapso. Isso não vai demorar”, diz.
Muitos dos problemas ambientais ocorrem pelo consumo excessivo de carne. O maior motivo de desmatamento da Amazônia é por causa da pecuária. “As árvores são cortadas para fazer pastagem e para plantação de soja para alimentar o gado”, explica. Amilton diz ainda que em Santa Catarina há quatro vezes mais porcos e frangos do que pessoas.
“O consumo de água para criar os animais é tamanho que chega a ser burrice”, lamenta. Além do problema ecológico, o consumo de carne é um problema econômico e poético. “O animal sabe que vai morrer”.
Amilton Berkenbrock é ovolacteo vegatariano, ou seja, não come carne, somente ovos e leite. “Os animais são meus amigos. Não como o meus amigos”, finaliza.
O quê? Palestra de educação ambiental
Quem? Professor de biologia Amilton Berkenbrock
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