dinilson@gazetadejoinville.com.br
A Divisão de Homicídios de Joinville deve divulgar nesta terça-feira (17) o retrato falado dos dois homens acusados de balear o empresário Ivo Goulart, 54 anos, que morreu em razão dos ferimentos na madrugada de domingo (15). O crime aconteceu por volta de 15h40 de quinta-feira (12) num escritório da Malharia Manz, situada na avenida Santos Dumont, 4.221. A empresa está falida desde 2007 e Ivo dificilmente era visto no local, o que leva a crer que os assassinos tinham informações precisas a respeito do paradeiro da vítima no dia do crime.
O delegado responsável pela Divisão de Homicídios, Adriano Bini, investiga o caso sobre duas hipóteses: latrocínio e homicídio. De acordo com o policial, a possibilidade de ter havido latrocínio se baseia porque foram roubados na malharia dois relógios e telefone celular da vítima, e mais dois aparelhos celulares que seriam de vigilantes da malharia. “Mas não descartamos a chance de ter havido homicídio em razão de alguma desavença anterior”, afirmou o delegado. Nesse caso, o crime seria mesmo uma execução.
Ainda não se sabe exatamente como os dois homens entraram na empresa: se chegaram de carro ou motocicleta. O que se sabe é que a dupla passou pela guarita na frente da empresa e chegou rapidamente ao escritório em que Ivo se encontrava sozinho. A vítima recebeu um tiro na cabeça e outro no pescoço. Ficou internado na UTI do Hospital Unimed e as chances de sobreviver eram praticamente nulas.
De acordo com um vigilante, que prefere ficar no anonimato, tudo aconteceu muito rápido e a dupla fugiu do local sem encontrar resistência. Nesta segunda-feira (16) foram ouvidas as primeiras oito testemunhas do caso, todas funcionárias da malharia, inclusive o guarda que trabalha na frente da empresa no momento do crime. “Não quero falar nada, não tenho nada a declarar”, disse o guarda à reportagem. Nesta terça-feira, outras oito testemunhas devem ser ouvidas. O corpo de Ivo foi cremado em Balneário Camboriú.
Ivo era presidente da Malharia Manz, empresa tradicional do ramo têxtil. A companhia teve seus bens leiloados para atender decisão judicial do Fórum Trabalhista de Joinville. Mas este é apenas um detalhe das confusões em que o empresário se meteu. No ano passado, foi condenado pela adoção de procedimentos agressivos ao meio ambiente, como a liberação de resíduos nos rios próximos à empresa e o não-tratamento de produtos químicos, jogados diretamente no solo. A Justiça Federal chegou a mandar desligar a energia elétrica que alimentava a malharia. Na verdade, a ação que deu origem ao fechamento da Manz é de 2000 e foi movido pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo a ação, a empresa estaria funcionando sem licença ambiental. Ivo ainda foi condenado a dois anos de prisão, cumpridos em regime aberto.
O juiz João Marcos Buch, que prolatou a sentença, optou pela substituição da pena privativa de liberdade pela prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, e pelo pagamento de multa no valor de 80 salários mínimos em favor do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão do Norte.
Já em maio de 2005, a Justiça Federal condenou o empresário a quatro anos e oito meses de prisão, acusado de sonegar R$ 34,5 milhões em tributos. A decisão referiu-se a fraudes cometidas por Goulart e o contador da empresa, Frederico Otto Reiner, no período de 1990 a 1993. De acordo com a Justiça, a fraude consistia em abater das receitas da empresa grandes quantias, alegando que diversas vendas foram canceladas pelos clientes. Porém, as investigações apuraram que as mercadorias foram efetivamente vendidas, pagas e não retornaram ao estoque da empresa, comprovando o golpe.
Dessa forma, os empresários reduziam a incidência de tributos sobre o lucro e faturamento, como a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), além de PIS e Cofins. O contador foi condenado a três anos e oito meses de prisão como co-autor da fraude.
Nenhum comentário:
Postar um comentário