sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Caramujo africano assusta joinvilense

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Não bastassem as enchentes, com a temporada das chuvas o joinvilense – assim como a população de diversas regiões brasileiras – tem mais um problema com que lidar: a infestação de caramujos gigantes africanos (Achatina fulica). Em bairros como o Jardim Iririú, na região Norte de Joinville, as chuvas fazem os moluscos saírem a campo em busca de alimentos e se proliferam rapidamente, invadindo quintais e assustando moradores, que não sabem exatamente como enfrentá-los.
Os caramujos começaram a aparecer na cidade em 2003. Os adultos podem atingir 15 centímetros de comprimento da concha e mais de 200 gramas de peso. Cada um chega a produzir até 400 ovos por ano. O caramujo africano hospeda o verme Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave com centenas de casos já registrados no Brasil.
A doença pode resultar em óbito por perfuração intestinal, peritonite e hemorragia abdominal. Em tempo de chuva aparecem em grande escala e, por serem hermafroditas, se reproduzem espontaneamente e se adaptam facilmente a condições climáticas adversas. O caramujo africano gigante é nativo do nordeste da África.
Vizinho ao estádio de futebol do Serrano, no Jardim Iririú, o quintal da residência da família de Josiele Taís de Andrade vive infestado de caramujos. “Meu pai joga sal para matar os bichos, mas não sabemos se resolve”, diz Josiele.
A casa fica na rua Selma Doering Bruhns, onde também mora José Lapa. “Improviso uma luva com saco de supermercado e coloco os caramujos em outro saco. Depois levo para um terreno baldio”, afirma José. Já o servente Nelson Salazar, que mora na esquina das ruas Tabatinga e Arnaldo Nunes de Oliveira, pede providências do serviço público de saúde: “Não é possível que ninguém venha recolher os caramujos”.
A gerente das unidades de vigilância e saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Jeane Regina Vieira, orienta a população a como lidar com o problema: “Não se deve matá-los com sal, porque o molusco morto contamina o solo e sua casca ainda se transforma em criador do mosquito da dengue. O certo é usar luvas e colocar os caramujos num saco plástico e entregá-los num posto de saúde ou secretaria regional”. Qualquer dúvida pode ser tirada pelo telefone 156.
De acordo ainda com Jeane, o posto de saúde ou secretaria faz contato para que nossas equipes recolham os caramujos, que por enquanto estão sendo mortos por trituração. O processo deverá ser mudado quando a Engepasa Ambiental, empresa contratada para a coleta de lixo na cidade, adquirir um incinerador para exterminar os moluscos.

Recomendações para lidar com o caramujo:

- não aplicar qualquer tipo de veneno, pois a toxidade dessas substâncias pode comprometer o solo e a vegetação do local; o caramujo morto também pode comprometer o solo e sua casca serve para criadouro do mosquito da dengue;
- a principal providência a ser tomada é a catação manual com o uso de luvas ou sacos plásticos. A catação deve ser realizada de preferência no início da manhã ou ao final da tarde, horário em que o caramujo está mais visível por se alojar em ambientes úmidos e por se esconder do sol;
- após a catação, os caramujos devem ser incinerados com a maior segurança possível – o que ainda está sendo providenciado em Joinville;
- se for enterrar os caramujos é necessário aplicar cal virgem no solo antes de despejá-los. Este procedimento deve ser realizado longe de redes de captação de água, poços ou mananciais.

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