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Numa tarde de quinta-feira ensolarada, com calor escaldante de mais de 30° em Joinville, dezenas de pessoas deixavam suas casas e seus trabalhos para fazer algo rotineiro em suas vidas: se atrelar a uma máquina que irá salvar suas vidas. Esses homens e mulheres, em sua maioria acima de 40 anos, precisam fazer hemodiálise três vezes por semana porque perderam as funções renais. O motivo eles sabem qual é – diabetes e pressão alta.
Há diversas causas para insuficiência renal, mas as mais comuns são quatro: pressão alta, diabetes, glomerulonefrite – doença imunológica e inflamatória que faz com que os anticorpos ataquem o rim – e causas infecciosas (cálculo e infecção).
Mas o que assusta os médicos é que a maioria das insuficiências renais é gerada por diabetes e pressão alta, comum às pessoas acima de 40 anos.
Joinville tem hoje 253 pessoas que fazem hemodiálise, processo que dura aproximadamente 4 horas. A limpeza do sangue só é feita mecanicamente quando a pessoa perde 90% das funções renais. Somente assim, o tratamento é modificado e passa-se a usar o equipamento de diálise.
Conforme o presidente da Fundação Pró-Rim, Hercílio Alexandre da Luz Filho, a insuficiência renal é uma doença silenciosa e que começa vagarosamente. “Pode levar dez anos para que uma pessoa passe a ter sintomas”, diz.
O exame para se constatar o problema com os rins é o de creatinina, que custa aproximadamente R$ 10. Se tiver até 1,5 miligrama é saudável. Mas se ultrapassar essa marca é necessário fazer tratamento.
Atualmente não há cura para insuficiência renal, somente tratamento com medicamentos e hemodiálise. O próprio transplante de rim é uma modalidade de tratamento já que o paciente terá que fazer consultas mensais e tomar diariamente imunossupressores para que o organismo não rejeite o novo órgão.
Estágios da doença renal
A insuficiência renal é dividida em cinco estágios. Somente a partir do estágio três é que se percebem os primeiros sintomas, que podem ser: acordar a noite diversas vezes para urinar, anemia e inchaço nas pernas.
No estágio cinco a pessoa perde quase que totalmente as funções renais e vai direto para a máquina de hemodiálise. Os sintomas são vômitos, podendo chegar ao estado de coma.
Cláudio Carvalho Bueno, 31 anos, descobriu que tinha insuficiência renal aos 25 anos. Ele começou a sentir vômitos e vontade de urinar à noite. Ele procurou um médico no posto de saúde e recebeu a notícia de que tinha uma doença no estômago. Fez tratamento, mas não adiantou.
Pouco tempo depois ele entrou em coma. No hospital disseram que ele tinha insuficiência renal, causada por pressão alta, e que teria que fazer diálise.
Agora, ele está terminando os exames para entrar na fila de espera por um rim. “No começo é complicado, mas depois a gente se acostuma”, comenta ao se referir à máquina que está ao seu lado, responsável por retirar e filtrar todo o seu sangue.
Cláudio trabalhava como eletricista, mas há seis anos ele só pode fazer “bicos” por causa do tratamento e da pressão alta.
Transplante
Hercílio da Luz Filho conta que existem pessoas que fazem hemodiálise há 30 anos. “Nem todos querem fazer transplante por medo da cirurgia ou por causa da idade avançada”, explica.
O primeiro transplante em Joinville foi feito em 1978. Hoje já são 791 pessoas transplantadas na cidade. Mas deste número, muitos pacientes vieram de outros estados do Brasil e até exterior.
Todo o tratamento com transplante de rim é gratuito e mantido pelo Governo Federal. Em Joinville já existem 70 pacientes em preparação para o transplante e outros 17 na lista de espera. As cirurgias são feitas pela Pró-Rim, em parceria com o Hospital São José.
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