terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cai o número de casos de Hanseníase em Joinville

Dinilson Vieira
dinilson@gazetadejoinville.com.br

Este último domingo de janeiro, 31, será marcado como o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase. Apesar de Santa Catarina apresentar um dos menores índices de contaminação, pela doença popularmente conhecida como lepra, ela continua sendo um grave problema de saúde pública. No ano passado, Joinville registrou uma média de 0,5 caso para cada grupo de 100 mil habitantes. Há cerca de 30 anos, porém, esse número já chegou a 40 casos para o mesmo grupo de habitantes.

O fato de as pessoas buscarem auxílio médico tardiamente faz com que muitos pacientes sofram algum grau de incapacidade. Por isso, assim que apresentarem sintomas ou sinais suspeitos, os pacientes devem recorrer a uma unidade ambulatorial o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce aumenta, e muito, as chances de sucesso do tratamento.

A hanseníase tem cura, mas, se não for tratada, pode provocar incapacidades físicas e deformidades, responsáveis pelo preconceito e discriminação aos portadores. A transmissão desta doença infectocontagiosa, causada pelo bacilo de Hansen, ocorre pelo contato com pessoas doentes que não receberam o tratamento. Os principais sintomas são perda da sensibilidade ao calor, ao frio e dor, dormência, formigamento, inchaço e manchas esbranquiçadas e avermelhadas pelo corpo.

O tempo entre o contato e aparecimento dos sintomas pode variar de dois a sete anos. Os sinais e sintomas estão localizados principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, nas costas, nádegas e pernas.

“Após a doença ser detectada, o tratamento é feito a base de poliquimioterapa via ora. O princípio ativo é o de um antibiótico mais forte. O tratamento durante entre 12 e 24 meses”, explica gerente de unidades de Vigilância e Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Jeane Regina Vieira. Ela orienta pessoas com suspeita da doença a procura a Unidade Sanitária da Prefeitura, à rua Itajaí, 51, Centro, a partir das 9h.

Gratuito
O tratamento é gratuito nos postos públicos de saúde e elimina a possibilidade de transmissão. Desde 1990, Santa Catarina vem registrando queda nos registros da doença e mantendo taxas inferiores aos do Brasil e da Região Sul. Nos últimos cinco anos, 43% dos municípios catarinenses não registraram nenhum caso de Hanseníase. Já em 2009, o Estado apresentou uma das menores taxas de contaminação no país: 2,5 casos para cada 100 mil habitantes.

O programa estadual de controle da Hanseníase conta com 247 pacientes em tratamento, dos quais 156 tiveram o diagnóstico confirmado no ano passado.A continuidade do tratamento pode evitar que outras pessoas da família ou do convívio sejam contaminadas, o que faz com que o programa tenha uma atenção especial com menores de 18 anos. Ano passado, dois catarinenses menores de 15 anos contraíram a doença. Nesses casos, normalmente a transmissão do bacilo ocorre dentro de casa, onde já existe algum membro da família contaminado e que realizou o tratamento.

“Como a Hanseníase é uma doença pode provocar reações antes, durante ou depois do tratamento, é preciso manter contato constante com os gestores de saúde para que haja o acompanhamento adequado dos pacientes”, explica a coordenadora estadual da Hanseníase da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Jeanine Varela.

Entre as medidas adotadas está capacitação permanente dos profissionais no sentido de estimular a vigilância em Hanseníase e a realização de exames de contatos de ex-pacientes. Para estimular quem trabalha com a doença ano foi adotado em Santa Catarina o mote “Hanseníase, a mancha ainda continua”. Na prática, a forma de abordagem dos pacientes mudou completamente nos últimos anos. Até 1962, a lei determinava que os portadores da doença fossem segregados em uma colônia.

Em Santa Catarina, a unidade de referência para o atendimento desses pacientes era o Hospital SantaTeresa, em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. Por conta da grande demanda, a instituição chegou a abrigar simultaneamente mais de 500 pacientes. O hospital, que está prestes a completar 70 anos, abriga hoje cerca de 50 pessoas, que, por conta do longo período em que permaneceram na unidade –uma das 33 colônias remanescentes no país – conseguiram reconstruir suas vidas fora dali.

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