domingo, 23 de maio de 2010
A espera depende da cor
Hospitais de Joinville aderem ao Protocolo de Manchester para priorizar atendimento aos mais graves
A partir desse domingo, 23 de maio, os hospitais Regional, Hans Dieter Schimidt e o Pronto Atendimento (PA) 24 horas do Aventureiro começam a utilizar a classificação de risco de acordo com o Protocolo de Manchester. Isso significa que os casos mais urgentes receberão pulseiras vermelhas e serão atendidos prontamente. De acordo com a gravidade da situação, o paciente terá uma cor específica (vermelha, laranja, amarela, verde ou azul), o que determinará a pressa no atendimento.
O sistema já é utilizado no Hospital Materno Infantil Jeser Amarante Faria. Esse estabelecimento realizou mais de 25.600 atendimentos, o que dá 220 por dia, de crianças de 0 a 14 anos. As ocorrências são de febre alta, afogamentos, queimaduras, parada cardíaca ou respiratória e acidentes. O Pronto Atendimento dele funciona 24 horas por dia.
O Protocolo de Manchester é uma metodologia implementada na cidade inglesa de Manchester, como o próprio nome indica, em 1997. Sua aplicação foi expandida para, além do Reino Unido, Portugal, Suécia, Holanda, Espanha e, agora, o Brasil. No País, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo utilizam o sistema.
O diretor executivo da Secretaria de Saúde, Adonis Rosar, disse que se trata de uma "triagem com fundamentação científica e só pode ser feita por enfermeiro ou médico treinados pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco". Em Joinville, essa tarefa fica com enfermeiros.
O sistema funciona da seguinte maneira:
- Identifica-se a queixa principal do paciente
- Encaixa-se no fluxograma de decisão - que tem as cores
Além disso, são utilizados os instrumentos complementares: glicosímetro, termômetro auricular e oxímetro de pulso. Segundo Adonis, Joinville já tem mais de 100 profissionais capacitados. Roberto Hess, secretário estadual de Saúde, comentou que "as emergências têm tido uma demanda grande, com classificação conseguimos direcionar para onde o paciente precisa ser atendido".
O secretário municipal de Saúde, Tarcísio Crocomo, disse que "hoje começa uma etapa, não é solução mágica, é um estudo com bases sólidas". Já o vice-prefeito Ingo Butzke falou: "Se deu certo na Europa, porque não daria aqui? Não vai reduzir o número de atendimentos. Vai priorizar. É uma questão cultural".
A classificação de risco de acordo com o Protocolo de Manchester já é utilizada no Hospital Materno Infantil Jeser Amarante Faria. Apesar da novidade, ocorreram casos de pacientes sem urgência que chegaram a esperar até 10 horas por atendimento. Sobre isso, as autoridades responderam:
"É um processo ainda em implantação, que está na primeira fase, em experiência. Alguns casos como esse vão ocorre, mas, com o passar do tempo, a tendência é ter cada vez menos. A maioria desses casos foi só com pulseiras verdes e azuis", disse Tarcísio Crocomo, secretário municipal de saúde.
"Este é um trabalho que vamos ampliar ainda. Faz parte de toda uma rede. Há um local certo para cada atendimento", falou Ademar Soares, diretor executivo do Hospital Materno Infantil Jeser Amarante Faria.
"Se a pessoa tem que esperar 10 horas para ser atendida demonstra que está no local errado. O Protocolo de Manchester não impede que as pessoas sejam atendidas. Elas serão atendidas. É preciso colocar para o pai e a mãe que se seu filho não está em risco, tem outro que está. Tem que dar preferência para aquele, porque um dia o seu filho pode estar nessa situação", Roberto Hess, secretário estadual de saúde.
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