As vendas reais da indústria brasileira cresceram 8,4% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, as vendas (faturamento real) das indústrias catarinenses registraram aumento ainda maior, de 10,3%. Os indicadores das indústrias brasileira e catarinense foram apresentados nesta segunda-feira (4) na sede da Federação das Indústrias (FIESC) pelo gerente executivo da Unidade de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, e pelo presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa.
Após acomodação em maio, a atividade industrial brasileira voltou a expandir-se com intensidade em junho. As horas trabalhadas na produção – indicador mais diretamente associado à produção industrial – expandiram-se 1,5% frente a maio (dados dessazonalizados). Trata-se da maior taxa de crescimento entre dois meses subseqüentes desde setembro de 2003. De janeiro a junho, o avanço da indústria nacional nesse índice foi de 5,9%.
Segundo Fonseca, os resultados positivos da indústria nacional, principalmente no mês de junho, surpreenderam a CNI, que já esperava alguma desaceleração como impacto das recentes altas dos juros pelo Banco Central. Ele destacou que três setores puxaram as altas de todos os indicadores do levantamento: veículos automotores, outros equipamentos de transporte e máquinas e equipamentos.
Apesar do desempenho acima da média nacional no faturamento, a indústria catarinense teve queda nas horas trabalhadas. Em junho, a redução foi de 0,29% em relação a maio, e no acumulado do primeiro semestre o índice ficou 1,42% abaixo dos primeiros seis meses de 2007.
O nível de utilização da capacidade instalada (UCI) nacional elevou-se a 83,3% em junho (dados dessazonalizados), influenciado pela maior atividade industrial. Essa expansão contrasta com a queda da UCI registrada em maio. A volatilidade do indicador dessazonalizado da UCI no bimestre maio/junho não altera, contudo, a trajetória de estabilidade observada desde o quarto trimestre de 2007. Em SC, o índice passou de 83,78% na primeira metade do ano passado para 83,94% no mesmo período deste ano.
Fonseca disse que a elevação da UCI na indústria é visto geralmente como um indicador de pressão inflacionária, de que a indústria poderia não dar conta da demanda. No entanto, ele destacou que, embora o uso da capacidade instalada na indústria nacional esteja de fato elevado dentro da série histórica da CNI, o índice avançou bem menos do que a produção e as vendas nos últimos anos e vem se mantendo praticamente estável desde o fim de 2007. Isso mostra, segundo o economista, que os investimentos feitos pelas indústrias, principalmente a partir de 2006, estão começando a maturar, fazendo com que elas produzam mais sem elevar a UCI e afastando os riscos de inflação.
O presidente da FIESC também comentou sobre a escalada da inflação. Corrêa disse que esteve recentemente nos Estados Unidos e constatou que a maior economia do mundo também está sofrendo com a alta de preços, além da crise imobiliária. “Mas eles já estão se virando, e isso acaba criando oportunidades também. A venda de casas caiu, mas muita gente está fazendo reformas nas suas residências, o que cria novas demandas”, disse.
A massa real de salários destoa das demais variáveis nacionais e apresenta queda de 0,3% em junho, relativamente a maio. Essa queda deve-se, em primeiro lugar, ao fato de que os salários recebidos pelos trabalhadores em junho refletem o pagamento pelas horas trabalhadas em maio, quando houve acomodação da atividade industrial; e em segundo lugar, à aceleração inflacionária, que reduz o poder de compra dos salários. No acumulado do semestre a massa salarial da indústria brasileira aumentou 5,6%. No estado, o índice teve desempenho semelhante: redução de 0,58% em junho sobre maio e alta de 4,97% no acumulado do semestre em relação ao mesmo período de 2007.
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