Em 2010, a variação da inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 6,3% na comparação com 2009, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. De acordo com o levantamento, a elevação foi superior à verificada em 2009, ano dos impactos da crise financeira internacional no Brasil, quando houve um crescimento de 5,9%, na relação com 2008.
Nas variações anual e mensal, o indicador também apresentou elevações na inadimplência do consumidor. Quando comparado dezembro de 2010 com dezembro de 2009, o crescimento foi de 20,9%. Na relação de dezembro sobre novembro de 2010, por sua vez, a alta foi de 1,1%.
No balanço do comportamento anual da inadimplência da pessoa física, nota-se que há relação positiva entre a taxa de inadimplência das pessoas físicas (percentual dos créditos com atraso superior a 90 dias), divulgada pelo Banco Central do Brasil, e o crescimento registrado, no ano anterior, da inadimplência das pessoas físicas, medido pelo Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor.
O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor considera o inadimplemento das pessoas físicas nas mais diversas modalidades, e não apenas dentro do sistema financeiro, por isso consegue capturar movimentos cíclicos de inadimplência, os quais, muitas vezes, antecedem ocorrências que, posteriormente, acabam se manifestando dentro do sistema bancário.
Assim, a ligeira elevação deste crescimento anual (de 5,9% em 2009 para 6,3% em 2010) do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor é um sinal de que a taxa inadimplência das pessoas físicas dentro do sistema bancário poderá sofrer alguma correção para cima, embora pequena, em 2011.
Segundo os economistas da Serasa Experian, os crescimentos nas variações da inadimplência do consumidor, em 2010, foram resultados do maior endividamento, evoluindo acima da expansão da renda pessoal; dos prazos mais longos de financiamento, que facilitou o acumulo de dívidas e pelos estímulos ao consumo, como parte do combate aos efeitos da crise global, nos primeiros três meses do ano. Além disso, o aumento da inflação contribuiu para reduzir o poder aquisitivo, afetando a parte da renda destinada ao pagamento de dívidas.
Em 2010, o consumidor se sentiu mais confiante para contrair dívidas, sobretudo em razão do desemprego historicamente baixo, da formalização dos empregos, do crescimento real da renda e da melhor expectativa em relação à sua condição financeira.
A perspectiva para este início de 2011 é de que a política monetária restritiva, para controle da inflação iniciada no ano passado, o pagamento de impostos (IPTU e IPVA) e as despesas escolares, possam gerar pressões de aumento da inadimplência.
Decomposição
Na decomposição do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, variação mensal, dezembro ante novembro, as dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras e serviços) apresentaram um crescimento de 2,4%, dando uma contribuição para o indicador de 0,9%, dos 1,1% registrados no período. Os cheques devolvidos por falta de fundos cresceram 3,5% no mês, definindo uma contribuição de 0,4%. Os protestos tiveram um aumento mensal de 5,5% e deram uma contribuição de 0,1% no índice. Opostamente, as dívidas bancárias não honradas caíram 0,6%, promovendo uma contribuição no indicador de -0,3% (Veja tabela abaixo).
Valor médio das dívidas
Em 2010, as dívidas não bancárias registraram um valor médio de R$ 390,24, o que representou uma elevação de 4%, quando comparado com 2009. Quanto às dívidas com bancos, o valor médio nos doze meses de 2010 foi de R$ 1.311,97, o que representou uma queda de 3%, ante o verificado no mesmo período de 2009. Já os títulos protestados, de janeiro a dezembro de 2010, tiveram um valor médio de R$ 1.183,09, com alta de 6,8% sobre os doze meses de 2009. Por fim, os cheques sem fundos tiveram em 2010 um valor médio de R$ 1.254,44, com uma evolução de 22,9% sobre 2009.
fonte: Serasa/Experian
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