quinta-feira, 24 de março de 2011

Restauração de documentos através de resfriamento

Valdete Daufemback, coordenadora do AHJ, mostra livros embalados nos freezers para manutenção. foto: Eberson Theodoro

RENATO CÉSAR RIBEIRO
renato@gazetadejoinville.com.br

O Arquivo Histórico de Joinville (AHJ) achou uma nova forma de restaurar os documentos e livros danificados de seu acervo. Antigamente, produtos químicos eram usados para matar os insetos que destroem os papéis. Hoje, isso é feito através das baixas temperaturas, ou seja, os documentos são acondicionados em refrigeradores, como aqueles que você utiliza para guardar comidas e bebidas.

O diferencial desse trabalho é que a temperatura utilizada é de - 22° Celsius. Os livros são embaladps à vácuo antes de entrar nesse processo. Dessa forma, o "bichinho" morre. Porém são necessários três meses de resfriamento na citada temperatura para isso acontecer.

Por enquanto, são apenas geladeiras, porém, já foi aprovado um projeto no Sistema Municipal de Desenvolvimenta pela Cultura (Simdec) para a compra de ar condicionado para essa sala. Atualmente são cerca de 400 livros em processo de congelamento.

Livros são embalados a vácuo. foto: Eberson Theodoro

Se o processo for interrompido em dois meses, o inseto estará apenas em estado de hibernação, é o que ensina a coordenadora do AHJ, Valdete Daufemback. Os insetos que mais atacam os livros e documentos antigos são cupins, baratas e brocas.

Depois desses três meses na geladeira, os livros são limpados antes de umedecer para a retirada dos seres já mortos. Em seguida, voltam para o acervo, onde os responsáveis também utilizam sachês com misturas envolvendo cânfora, cravo, canela, eucalipto e outras essências, que afugentam insetos. Esses sachês são trocados a cada três meses.

Além do congelamento e dos sachês, "nós temos um sistema de monitoramento completo, semanalmente fazemos uma vistoria no acervo para achar livros danificados", conta Valdete. O acervo normal também fica em área climatizada entre 20 e 22ºC. No total, são mais de mil sachês no local.

Muitos dos livros que chegam estão em mau estado. foto: Eberson Theodoro

Quando um livro novo chega, passa por uma triagem que inclui a verificação da existência de insetos. Casa a ocorrência seja positiva, o documento vai para o freezer antes mesmo de ser catalogado e passa pelo processo de restauração.

Até os anos 1980, mais precisamente 1986, quando o novo espaço do AHJ foi inaugurado, usavam-se produtos químicos para a manutenção dos papeis. Porém descobriu-se que esse processo fazia mal aos documentos e também às pessoas, o que foi constatado numa crise deflagrada na época.

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