Embora o problema ainda não seja generalizado para todos os setores do setor secundário, custos elevados da produção local e câmbio desfavorável trazem sérios problemas para empresas brasileiras, mostra seminário na FIESC
Apesar de a indústria brasileira ser afetada nos últimos anos por fatores como câmbio, concorrência internacional e Custo Brasil, o processo de desindustrialização não é um fato consumado no Brasil, disse, no final de abril, o economista da CNI, Flávio Castelo Branco. Contudo, para uma série de setores, o sinal amarelo está aceso para o futuro, especialmente, nos intensivos em mão de obra, que deixou de ser um fator de competitividade da indústria brasileira.
Para o presidnete da FIESC, Alcantaro Corrêa, o desafio implica questões externas às empresas, ou seja, o custo Brasil, e uma série de aspectos que devem ser enfrentados pelas próprias indústrias, que precisam inovar e reduzir custos para serem competitivas.
A reprimarização da indústria foi uma das principais preocupações dos três painelistas que participaram do Seminário sobre desindustrialização da FIESC, já que os setores com melhor desempenho hoje são os intensivos em recursos naturais: alimentos e bebidas e papel e celulose. Enquanto isso, perdem espaço setores como têxtil, vestuário e acessórios e couros e calçados, em que a concorrência por preço e custos é fundamental.
Material eletrônico e equipamentos de comunicação é outro setor que vem sofrendo com a concorrência internacional. "O problema não é exportar produtos primários. Mas exportar só isso", disse o painelista José Augusto Castro, especialista em comércio internacional.
Por enquanto, o Brasil passa por um momento de estagnação industrial, conforme Castro, mas corre sério risco de entrar em um processo de desindustrialização. "Temos os sintomas do problema, mas ele não apareceu efetivamente. Porém é uma ameaça concreta", diz.
A carga tributária elevada, a falta de investimento em infraestrutura, a taxa de câmbio desfavorável e a alta das importações são fatores apontados como principais causadores do problema. "A tendência hoje é as empresas continuarem importando e assim começarem a ter uma queda efetiva na produção industrial. É visível que existem todos os fatores para que a desindustrialização se concretize".
A balança comercial brasileira tem superávit devido à exportação de commodities e isso depende principalmente do cenário internacional. Já os produtos manufaturados dependem de não interromper a atuação no mercado externo, pois sempre existe o risco de não conseguir voltar, já que um concorrente externo pode tomar o lugar. Então, o esforço tem que ser constante.
Na avaliação de Flávio Castelo Branco, Secretário-Executivo do Conselho Temático de Integração Nacional e do Conselho Temático de Política Econômica da CNI, a indústria foi perdendo atratividade e gradadativamente deixando de olhar para o mercado externo. "Não há sinais claros de desindustrialização, mas temos lacunas como essas que enfraquecem a indústria brasileira", diz.
Para André Luiz Sacconato, mestre e doutor em Teoria Econômica pelo IPE-USP, o gargalo está também em uma mão de obra qualificada. "É muito difícil competir com a China, pois o crescimento do país é em cima da qualidade de vida dos chineses", diz. "Não temos sinais claros de desindustrialização, mas pode ter um problema sério nos próximos anos".
fonte: Elmar Meurer - Assessoria de Imprensa do Sistema FIESC
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