O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu hoje reduzir a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, de 13,75% ao ano para 12,75% ao ano. Trata-se do maior corte de juros promovido pelo BC desde dezembro de 2003, quando a Selic caiu de 17,5% a.a para 16,5% ao ano.
"Avaliando as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 12,75% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela redução da taxa Selic em 0,75 ponto percentual. Com isso, o comitê inicia um processo de flexibilização da política monetária realizando de imediato parte relevante do movimento da taxa básica de juros, sem prejuízo para o cumprimento da meta para a inflação", disse o Copom em nota.
A decisão do BC ocorre em um momento de forte desaceleração da economia brasileira e em meio à pressão feita por empresários, sindicatos e por membros do próprio governo. O corte está dentro das previsões mais "otimistas" do mercado e do setor produtivo.
A taxa Selic está agora abaixo do patamar em que estava até o dia 10 de setembro do ano passado (13% a.a.), data em que o BC aumentou os juros pela última vez, poucos dias antes do estouro da crise econômica. Apesar da queda, os juros reais brasileiros permanecem como os maiores do planeta, à frenta da Hungria.
A maioria dos economistas já esperava uma queda entre 0,5 ponto percentual e 1,0 ponto percentual. Na reunião de dezembro, quando decidiu manter os juros inalterados, o BC havia informado que parte da sua diretoria já pensava em realizar um corte.
Depois disso, uma sequência de dados negativos sobre emprego, produção industrial e vendas do comércio reforçou as apostas na queda dos juros. Além disso, os principais índices de preços mostraram queda na inflação ou até deflação, o que abriu espaço para um corte maior.
Mesmo com a chegada da crise ao Brasil, refletida principalmente na falta de crédito e queda da demanda, a instituição vinha optando por manter a Selic inalterada desde setembro do ano passado, temendo os impactos da alta do dólar sobre os preços no país. Esse movimento foi compensado, no entanto, pela queda na cotação de vários produtos, como alimentos e petróleo no mercado internacional.
Previsões para o ano Trata-se da primeira das oito reuniões do Copom neste ano. Agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 10 e 11 de março. Até lá, já será conhecido o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) do último trimestre de 2008, que deve mostrar o tamanho do impacto da crise no país.
De acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo BC com o mercado financeiro, os economistas esperam agora uma sequência de novos cortes nos juros: para 12,50% em março; 11,75% em abril; 11,50% em junho; e 11,25% em julho. Depois disso, a taxa só voltaria a cair em 2010, para 11% ao ano.
Mesmo prevendo queda nos juros neste ano, o mercado financeiro aposta que o BC conseguirá trazer a inflação para o centro da meta, que é de 4,5%, devido à desaceleração da economia, que deve crescer apenas 2% neste ano, segundo a pesquisa Focus do BC.
Lula Segundo reportagem da Folha desta quarta-feira, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se reuniu anteontem com o presidente Lula para lhe dizer que os juros cairiam hoje, mas ressaltou que o principal problema ainda é o "spread" cobrado pelos bancos privados.
O "spread" é a diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros que eles cobram dos seus clientes. Desde setembro, mesmo com a Selic inalterada, o spread subiu, influenciado pela falta de crédito no mercado.
Amanhã, o presidente deve se reunir com os dirigentes de bancos públicos e privados para cobrar uma redução do "spread".
FOLHAPRESS.
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