quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A cultura na era Silvestre

Gustavo Meneghim
guga@gazetadejoinville.com.br

Passados os primeiros dias da nova gestão, Silvestre Ferreira, presidente da Fundação Cultural de Joinville recebeu a Gazeta de Joinville. Falou sobre sua trajetória e apontou os caminhos que a Fundação deve seguir neste ano.

Quando concedeu a entrevista perto do final do expediente, às 14 horas, Silvestre ainda não havia almoçado. "Não houve tempo, tivemos muitas reuniões". A fala é tranqüila e ele conta que não ficou surpreso com a nomeação para o comando da Fundação. "Era um nome natural, não pedi cargo para ninguém. O que acontece é que durante a última gestão eu era oposição, mas uma oposição construtiva."

A trajetória profissional de Silvestre foi sua maior vitrine. Fez e viveu de teatro durante toda a sua vida e também foi o principal presidente da Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), que fez ressurgir o movimento teatral na cidade.

Ele conta que iniciou no teatro universitário joinvilense ainda no início dos anos 80 e sempre esteve envolvido com arte-educação e políticas públicas. Segundo ele, o teatro lhe rendeu um olhar mais atento para descobrir e valorizar pessoas.

As nomeações de Charles Narloch para a direção executiva da Fundação e Carlos Franzoi para a direção do Museu de Arte de Joinville e a escolha de Borges de Garuva para a direção da Casa da Cultura, segundo ele foram muito bem pensadas. "Acompanho o trabalho desse pessoal ao longo dos anos".

Sem mágica

Silvestre é comedido em suas previsões para o futuro da Fundação Cultural. "Um sistema de cultura em Joinville foi recém-criado na última gestão. Não faremos mudanças radicais nem milagres, vamos trabalhar muito para ampliar nosso serviço e levar a cultura ao povo de Joinville."

Sua meta é ampliar e criar novas iniciativas culturais para que se produza cultura nos bairros, mas ele prefere não antecipar os detalhes, pois estas iniciativas serão tomadas apenas após reuniões dos conselhos de cultura.

Novo teatro

Já a criação de um grande teatro em Joinville, como prometeu o prefeito Carlito Mers, também exige cautela nas declarações. "Esta é uma obra para ser realizada durante esta gestão. O que podemos antecipar é que serão feitas reuniões também destas comissões para as primeiras análises já entre os 120 primeiros dias da administração."

Sobre questões polêmicas como a não existência de uma única companhia de dança na cidade que abriga o maior festival do mundo, ou sobre o futuro do Festival de Dança, Silvestre coloca novamente o pé no freio. "Iremos trabalhar da melhor forma, com o Instituto Festival de Dança e buscaremos ajuda da iniciativa privada para melhorar o retorno aos bailarinos da cidade. Pretendemos também criar uma escola de dança municipal."

Pedra no sapato

Uma das principais metas da Fundação é aprovar a nova Lei do Inventario do Patrimônio Cultural de Joinville, rejeitada pelo empresariado e retirada da votação às pressas em 2008. A lei precisará de um consenso para ser aprovada e para substituir a atual e obsoleta lei de Unidades de Interesse de Preservação que causa muitas dores de cabeça aos proprietários de imóveis antigos que têm suas propriedades incluídas em uma lista de 1.300 casas "intocáveis".

"Ainda este ano. As UIPs (unidades de interesse de preservação) serão revisadas", Silvestre também afirma que uma das próximas medidas é contratar mais arquitetos para agilizar os processos de imóveis em processo de análise de tombamento.

"Estão previstos novos benefícios, como maiores indenizações, reduções e isenções de impostos para que os proprietários não se sintam prejudicados", completa.

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