sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Joinville é palco de mostra teatral


Em sua sétima edição, Cena traz ao público 15 espetáculos em três espaços diferentes; evento permanece até dia 22 de agosto

Texto: Jacson Almeida

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer alertou: “Não ir ao teatro é como fazer a toalete sem espelho”. E, em Joinville, só não vai a um espetáculo quem não quer. A cidade abriu desde o sábado (14) as cortinas para saltimbancos, atores, palhaços e quixotescos. Maquiagem, expressões, cenários, comédia e drama, sozinhos ou misturados, compõem as peças teatrais que se apresentarão no Cena 7 (Mostra da Associação Joinvilense de Teatro) que permanece por sete dias na cidade.

O Cena surgiu depois que grupos locais sentiram a necessidade de apresentar seus espetáculos. Neste ano, 15 grupos mostram seu trabalho, incluindo alguns convidados, como a companhia de Curitiba Arte da Comédia, que abriu o evento na Praça Nereu Ramos, no último sábado.

A mostra conta com a participação de dois debatedores: Paulo Biscaia (mestre em Artes pela Royal Holloway University of London e professor da Faculdade de Artes do Paraná) e Nina Caetano (doutoranda em teatro e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto).

Os palcos utilizados são o Teatro do Sesc, o Anfiteatro Bom Jesus Ielusc e a Praça Nereu Ramos. Os ingressos serão vendidos a R$ 10 e estudantes e idosos pagam a metade.

Um quadro que não mostra tantas maravilhas

Um dos que aparece pela primeira vez no Cena é a Companhia de Teatro da Univille. Apesar do grupo já existir há mais de dez anos, somente agora uma peça dos novos atores participam de um momento dedicado ao teatro e ao lado de profissionais que já atuam na área.

Um retrato da desigualdade social e do abuso de poder das instituições públicas será apresentado pelo grupo da Univille no próximo sábado (21). A peça “O quadro das maravilhas” mostra a hipocrisia de uma elite social, como também sua ignorância. A história se assemelha ao conto da roupa do rei. O espetáculo está na sua segunda temporada após alguns meses de trabalho para novas adaptações e inclusões de atores. Hélio Costa, que também participa da companhia Atos, assume a responsabilidade e o papel de Chanfala, um dos personagens principais.

Conforme a diretora da companhia, Ângela Finardi, os atores passarão por uma nova experiência, já que se apresentavam na rua e agora sobem ao palco. “A rua exige mais do ator. Ele tem que competir com o barulho dos carros e das pessoas para prender a atenção do público”, ressalta. O figurino, com toda a exuberância que a peça merece, foi idealizado por Lucas David.

Uma farsa extemporânea

A história se repete ao longo dos anos, onde as autoridades exploram o povo e usam seu poder em benefício próprio. Os três personagens formados pelo prefeito, pelo vice e pelo capitão de polícia representam a escória social da burguesia. Eles mandam, desmandam, atacam e acabam com a dignidade do povo. Mas a arte é a única que consegue acolher o sofrimento humano. É através de uma música que uma revolução dos pobres se inicia.

O texto de Jacques Prevért, escritor francês e com forte vertente política, foi baseado no entremês de Miguel de Cervantes, lendário autor de “Dom Quixote”.

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